Hoje, 20 de setembro, é comemorada a Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos. Esse foi o mais destacado conflito do período regencial, e só chegou ao fim cinco anos depois da coroação de D. Pedro II.
No século XIX, o Rio Grande do Sul era o mais importante fornecedor de charque. Dessa carne comiam tanto pobres e escravos, como ricos.
Nas estâncias trabalhavam homens livres e escravos, mas todos viviam sob rigidez de obediência aos senhores de terras e gados. O charque vindo da Argentina e do Uruguai, entrava no Brasil sem pagar nenhuma tarifa alfandegária especial, e concorriam com os latifundiários do Rio Grande do Sul.
Os fazendeiros gaúchos queriam pagar menos impostos ao governo central e maior autonomia para a Província. O governo central não cedeu e o conflito foi inevitável.
Farrapo era o apelido dos liberais exaltados. Os farrapos nada tinham de esfarrapados, já que a maioria possuía terras e muitas cabeças de gado.
Em 1835, o rico fazendeiro Bento Gonçalves comandou o exército que ocupou a cidade de Porto Alegre e depôs o governador nomeado pelo Rio. Assim, começava os dez anos de guerra civil. Bento Gonçalves estava preso na Bahia, quando a Sabinada o libertou. Junto com os gaúchos estava Giuseppe Garibaldi, futuro herói da unificação italiana, que apaixonou-se por uma brasileira chamada Anita.
O governo central estava muito mais bem preparado em dinheiro e armas do que os gaúchos, já que o café estava se expandindo sem parar e tornaria o Sudeste (Rio de Janeiro e São Paulo) a região mais rica do Brasil. Por essa razão, o Duque de Caxias conseguiu organizar o exército e sob seu comando os inimigos eram abatidos a golpes de espada. Porém, os prisioneiros eram tratados com dignidade, principalmente os oficiais farroupilhas, homens de origem abastada. O governo central queria a reconciliação e precisava do apoio gaúcho nas guardas das fronteiras do sul. Ao final da revolução, os farroupilhas foram derrotados no campo de batalha e não ganharam o federalismo, mas, a “paz honrosa” os anistiou, e o charque passou a ser protegido das importações da concorrência.
A Revolução Farroupilha é vista como “uma epopéia de grandes heróis desinteressados e lutadores pela liberdade”. Como disse a historiadora gaúcha Sandra J. Pesavento, busca-se “legitimar o poder de um grupo na sociedade e ‘sacralizar’ seu mando, pela imposição de um passado dignificante, do qual não só a elite governante, mas todo o povo rio-grandense seria herdeiro”.
Viva o Rio Grande do Sul!
Fontes: Nova História Crítica - Mário Schmidt
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